sábado, 3 de abril de 2010

Era uma outra vez

[Tecle tecle tecle]
E se inicia o enredo,
Sempre com inicio, meio e fim,
Partes conexas de uma história desconexa
Era uma, duas, três vezes
Sempre o mesmo inicio,
Um encantamento regido pelas mais doces e suaves melodias
E lhe falta espaço para rechear o meio
com os prazeres e desprazeres da vida
Estes, por vezes instavéis,
excessivamente teimam em roubar a Felicidade do palco,
deixando em cena a Raiva e a Dor,
que parasitam a história e se resolvem apenas com o fim...
Dizem muitas vezes o Fim ser sábio,
Mas de tanta sapiência este enlouqueceu...
O Fim se deu um fim,
E agora do enredo que há por vir,
O Tempo se encarregou de completar o que Fim
Começou a rabiscar:
“No valsear do destino, a música perdeu o tom no meio
E não se podia mais iniciar, mas nem tudo se perderá
Uma outra era uma vez se fará e uma outra vida se dará
cujas linhas só o tempo preencherá...”





(Suzianne Santos)

Vazio

Sensação estranha que me consome aos poucos
Angustia meu peito,
Faz cócegas em meus olhos sem permitir que se purifiquem....
Esse Nada que me aperta
E penetra meu corpo com um silencio enlouquecedor,
Nó que sufoca minh’alma
E me emerge com o que preferiria desconhecer:
O vazio incomodo que o não sentir-te provoca em meu ser
E que não consigo expulsá-lo...
Não posso te pedir que tire as amarras da minh’alma,
Posto que apenas quem as colocou pode soltá-las
E incertezas me rondam se estou suficientemente disposta a tirá-las...
Um sopro de esperança não posso pedir para aquele cujo horizonte não cruza mais com o meu
Peço-lhe apenas um abraço, para sentir-lhe mesmo que pouco
E também para que, aos poucos, me acaricie e leve consigo o amor que um dia foste teu...





(Suzianne Santos)

Constante variável

Como se pode falar em constante, se tudo está mudando?
O que fui ontem, mudou-se com um novo outro dia
1 hora, 1 minuto, 1 segundo transformam uma vida
O que é belo hoje amanha poderá ser feio e vice-versa
Constantemente o coração pulsa,
mas “os por quês” das mudanças rítmicas em sua batida não são os mesmos
Constantemente respiramos, mas o ar expirado difere do inspirado
O vai e vem das ondas brincam a nos banhar, não sendo esta a mesma água de outrora
O adeus é certo, mas sua forma e percepção, incertas
Pensamos e sentimos sempre, mas de formas subjetivamente diferentes
E assim também são as palavras,
que embaralham nossa mente com suas várias possibilidades, utilidades e significados
Nada está completamente fixo,
Nos encontramos num redemoinhos de variáveis
Com as quais se tem apenas a certeza da constante mudança que a vida traz e carrega consigo



(Suzianne Santos)

Do que não se sabe explicar

[CRACK]

- O que aconteceu?
- Não sei
- ...Tudo bem?
- Não sei...
... o Tudo não parece mais complemento de ‘bem’...
Tudo se encontra espaçado,
com buracos dos quais não acho mais o que a pouco os preenchia
O Tudo parece maior, se esvai pelos meus pensamentos...
POUCO ainda guardo em mim...e menos ainda vejo em ti...
Tudo está condicionado à mudanças,
aquele adesivo não tem a mesma fixação do início...
e a flor por mais que tente exalar um suave perfume do que um dia foi,
não possui mais o doce aroma de outrora.
Mas como explicar aquilo que não se sabe?
Quando achei que havia te encontrado,
nos perdemos em meio ao vendaval..e agora,
as luzes estão se apagando,
não encontro o caminho de volta...mas,
mesmo se o descobrisse,
não me acho mais em ti...
e sei que, aos poucos,
não te acharei mais em mim...





(Suzianne Santos)

D_e_s_p_e_n_s_a_n_d_o

 
- Corre! Corre!
- Tem que fazer isso...ah!Tem mais aquilo também e não se esquece daquele outro acolá!”
...É, e não para nem um minuto...problematizando...calculando...resolvendo...sonhando...pensando...
Pensamentos errantes
Certos
Tortuosos
Escuros
Profundos
Leves
Musicais
Susurrados
Poéticos
Medrosos
Tímidos
Sensuais
Confusos
Raivosos
Entristecidos
Enfim...
O que pensas, pouco importa...
às vezes pensar distrai demais...
o que atrai é não pensar...
Isso mesmo...por um momento se abster de tudo que nos ronda,
deixar o ar entrar nos nossos pulmões sem pensar que tem que estudar para uma prova,
falar com o namorado(a) depois daquela briga,conseguir dinheiro para pagar as contas,
passar em um concurso,
arranjar “o de comer”...
Na verdade o que precisas é esquecer nem que seja por um segundo,
esquecer do que te cerca, dos medos, anseios, desejos, rancores,dores...
Apenas sentir a brisa que passa pelo seu corpo...s
em compromisso por um minuto...
l   e   v  e  
simplesmente vivendo...
despreocupadamente despensando...


(Suzianne Santos)