sábado, 9 de abril de 2011

Atendendo a pedidos

     Atendendo a pedidos, abro os olhos, me alimento, pego o ônibus e dedico parte de mim pra te atender. Atendendo a pedidos, paro o sonho, lancho, corro e mediado serviços. Atendendo a pedidos, acordo, passo, não olho e vaicomosair. Atendendo a pedidos, ligo, transporto, mecanizo. Atendendo a pedidos, atendo a pedidos atendendo a pedidos. Já não reconheço mais teus traços e gestos, na minha frente só vejo números em catalogações. Atendendo a pedidos, ligo e desligo num movimento constante de uma máquina pós-moderna. Atendendo a pedidos, respiro tuas marcas e espero o sensacionalismo pra me abalar.Atendendo a pedidos, me hipnotizo e rotulizo. Atendendo a pedidos, ligo e não desligo. Atendendo a pedidos, não reflito, apenas digito. Atendendo a pedidos...para!me demito!desligo!Há algo que ainda se inquieta com esse comodismo que nada vê e tudo condena. Agora eu que digo, atenda ao meu pedido. 
     Ele não é um número, há anotações e descrições subjetivas por detrás daquelas lentes já vividas. Ele não é um insano, apenas um que sofreu, se trancou e se condenou à autodestruição. Ele não é a personificação do heroísmo, apenas alguém que pensou com altruísmo. Não espere o sensacionalismo para vê o que todo dia está na sua frente, fotos e reportagens não produzem inverdades ou fabricam bombas de moralismo social. Acorde e se desmecanize, tire esse invólucro que comerciais eleitorais trazem à sua mente. Atenda ao pedido de não atender e entender a si entender.

(Suzianne Santos)

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