“- Rapaz, eu não devia ter ido assistir o jogo lá, deu azar.”
“- Porque tu não veio com aquela camisa das ultimas 10 copas pra dar sorte??”
“- Não, não, ele é muito pé frio, é só ele torce pro time pra ele perder...Daí! Foi torcer pro Brasil, perdeu!!...lascou-se!”
Diante da realidade de copa que nos encontramos é interessante a mobilização que “pessoas correndo atrás de uma bola” causam, o teor de patriotismo que uma pequena parcela de brasileiros trazem para outros milhões que se tornam orgulhosos em demonstrar sua nacionalidade para além de seu RG ou de sua certidão de nascimento.
Entretanto, mais interessante é o que ocorre posterior a uma não-vitória: o sentimento de perda e desolação que se encrava na alma de todos com a desclassificação de sua representatividade nacional, ocorrendo reações de revolta e culpabilização dos jogadores em cena ou então, muitas vezes, uma auto-culpabilização pela derrota de seu time.
Aqui sobe ao gramado as crendices e superstições de cada individuo.
Crê-se que uma pequena mudança nos meus hábitos rotineiros durante os jogos vai decidir o resultado final, estando minha pessoa imbuída de responsabilidade no placar tanto quanto os jogadores. Minha vestimenta, alimentação, local de assistir o jogo e animação na torcida, tudo influi, como se as televisões tivessem a capacidade tecnológica de transportar até os jogadores meu animo, garra e impulso para seguir à diante.
Seria mais simples entendermos apenas como o que de fato se apresenta aos olhos: “perderam”, apenas isso. Mas a realidade não se explica à base da razão, esta foi expulsa com menos de 5 min de jogo pela emoção e simbologias presente em cada comportamento. Não, temos que apresentar de alguma forma respostas ou desculpas para tal acontecimento trágico, posto que então sentemos no banco dos réus os descumpridores de superstições copistas, seja eu, meu amigo, o vizinho ou o Mick Jagger!